segunda-feira, 30 de maio de 2011

O que pensa sobre as próximas eleições legislativas?

Entrevistei João Correia, de 70 anos, activo na política para que me falasse um pouco sobre o que pensa das próximas eleições legislativas que se realizarão no dia 5 de Junho.http://www.youtube.com/watch?v=Cu9QPJYKVnw

domingo, 29 de maio de 2011

Vídeo bate recorde

     Este vídeo foi publicado no youtube há apenas três dias e já bateu o recorde de visualizações: 5 milhões. A mãe gata abraça o seu filhote enquanto este está a dormir.
http://www.youtube.com/watch?v=Vw4KVoEVcr0&feature=player_embedded

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Violência entre os jovens

Considero inadmissível situações como esta acontecerem na nossa sociedade. Ainda para mais quando começa a acontecer em camadas de indivíduos tão jovens... Onde irá parar o futuro da nossa sociedade? Já está na hora de chegar alguém que consiga estabelecer a ordem e a autoridade que hoje em dia é tão desrespeitada e, por consequência, nos tem mostrado o aumento da insegurança e da criminalidade que se assiste hoje no nosso país. É uma vergonha episódios como este existirem, e à sua semelhança muitos outros do mesmo teor e conteúdo se passarem sem que ninguém faça nada... Está na hora de fazer alguma justiça por este país, por todos nós. Se queremos mudança como deixar que atitudes como esta passem impunes? Estas e outras atitudes que passam sem ver consequências só alimentam actos repetidos de pura violência. lEstamos a caminhar para a decadência do nosso país e a assistir à criação de uma geração desligada de valores morais e civismo... Bons tempos os dos meus avós. Tempos aqueles em que se podia andar na rua sem ter de se ter medo do mundo lá fora...

http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fvideos.sapo.pt%2Fadjwp9Izz0u5v2fdaZ2z&h=ba3c0

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Reportagem - Solidão


Isso não. Se quiseres podes-me matar”. Estas foram as últimas palavras que Patrícia (nome fictício), entre soluços e lágrimas, trocou com o homem que lhe apontou uma faca ao pescoço pedindo-lhe para que esta lhe fizesse sexo oral, tinha ela apenas dezasseis anos de idade.
            Todos os dias Patrícia seguia o mesmo ritual. Acordava sempre quinze minutos antes de as aulas começarem. Levantava-se apressadamente, passava um duche de água fria pelo corpo, pegava numa maçã e num iogurte ao mesmo tempo que colocava a mala ao ombro e saia de casa para apanhar o autocarro que a conduzia em direcção à escola. Três paragens e lá estava ela em frente à Escola Secundária do Restelo. Atrasada, como sempre.
Filha de pais separados, Patrícia vivia com a mãe mas dormia com o pai. Frequentava o curso de Artes, tinha boas notas, bons amigos, uma família e um namorado que a adoravam.
            Às 13h15m estavam terminadas as aulas da manhã. Patrícia dirigia-se até à paragem que ficava em frente à escola, à espera do 28, para retornar a casa. Poderia ter ido para casa a pé, mas sentia-se mais segura ao ir de autocarro. Morava perto e costumava aproveitar para ir a casa almoçar.
Enquanto esperava pelo autocarro Patrícia não conseguia parar de repetir esta pergunta para si “Porquê a mim?!”.
            No caminho para casa estava nervosa. Sentada no autocarro, não conseguia evitar olhar para todos os cantos, para todas as pessoas que estavam sentadas naquele autocarro e, como se costuma dizer, “tirar-lhes as medidas”. Se por acaso alguém tinha o azar de cruzar o olhar com o dela, ou por pura simpatia esboçar um sorriso, ela sentia-se ameaçada. Não confiava em ninguém. Depressa lhe vinham à cabeça as memórias de uma mão que a agarrava e empurrava contra a parede do elevador e, ao mesmo tempo, lhe apontava uma faca contra o seu pescoço e lhe chamava nomes como “Puta”, “Cabra”, “Porca nojenta”.
Patrícia não conseguia esquecer aquele dia: 2 de Março de 2008. Três paragens e lá estava ela na rua de casa. Saiu do autocarro assustada. Por cinco meses tinha escondido uma verdade que tentou por tudo que se transformasse numa mentira, como que num pesadelo que finda pela manhã.
Ao colocar a chave na porta da rua Patrícia tremia. Olhou duas e três vezes para se certificar de que ninguém estava a persegui-la e só depois avançou para dentro do prédio fechando com toda a força a porta atrás de si. Não podia ficar aberta.
Chamou o elevador. Teve a sensação de que estava a ser transportada para aquele mesmo dia, para o mesmo sítio, à mesma hora. Como se tudo estivesse de novo a acontecer. Começou a chorar. As memórias assombravam-na com uma força que muitas vezes trespassava o real.
“1,70m, trinta e poucos anos de idade, moreno”. Quando a porta do elevador se abre Patrícia relembra a cara do homem que brutalmente a violou. Os mesmos oito segundos que o elevador demorou a chegar até ao 4º andar pareciam-lhe agora os vinte minutos em que esteve fechada com aquele homem. “Ele carregou no ‘stop’ e retirou uma faca do bolso que apontou directamente para o meu pescoço. Empurrou-me brutalmente contra a parede do elevador e antes que eu pudesse gritar mandou-me calar sob pena de me matar. Calei-me e ninguém me ouviu”. Sempre que entrava ou saia daquele elevador Patrícia era consumida pelo medo.
O elevador parou no 4º andar. Patrícia saiu e apressou-se a entrar em casa para almoçar. Tinha perdido a fome. Outra memória tinha-lhe vindo à cabeça “Mandou-me puxar as calças para baixo, mas não fui capaz. As lágrimas caiam-me sem parar e só consegui olhar para ele e suplicar-lhe que não o fizesse. Mas já era tarde. Ele mesmo puxou com toda a força as minhas calças para baixo, encostou-se a mim e penetrou. Doía muito.”
Assaltada por estes pensamentos Patrícia perdeu também a vontade de sair de casa. Estava sozinha, em casa, sem vontade de comer, estudar, falar… na realidade, ultimamente não tinha vontade de fazer nada. Deixou-se ficar no sofá e fechou os olhos com muita força. Queria deixar de pensar naquilo mas não conseguia. Por mais que rebolasse de um lado para o outro do sofá, trocasse de posição, ou fechasse os olhos, Patrícia não conseguia adormecer. Os pormenores daquele acontecimento tornaram a vir ao de cima “Eu queria gritar, fugir dali mas estava presa a uma dor que nunca pensei que pudesse existir. Não sei dizer se me doía mais a alma ou se o corpo.”
            Levantou-se do sofá. Não conseguia adormecer e precisava de se distrair. Foi até ao seu quarto e sentou-se em frente à secretaria. Pegou no lápis de cor e no bloco A3 que usava para desenhar. Só lhe saiam rabiscos, linhas tortas que não faziam sentido e atravessavam a folha de uma ponta à outra, sem destino, sem forma, sem vida. De novo, as memórias vieram-lhe à cabeça “Empurrou a minha cabeça contra o peito dele, e com as minhas costas coladas ao espelho do elevador eu sentia o corpo dele sujo e repugnante em cima de mim. Puxou-me o sutian para baixo e apertou-me os seios, enquanto eu chorava, ele chamava-me nomes. Acabei por desistir e fechei os olhos porque não conseguia ver o que me estava a acontecer...”.
Posto isto, Patrícia desistiu de desenhar. Foi até à casa-de-banho lavar a cara para disfarçar o rosto vermelho cansado de tanto chorar. Subitamente lembra-se do que sentiu no dia em que foi violada e olhou pela primeira vez para aquele espelho sem ser capaz de reconhecer o seu próprio reflexo. “Lembro-me de olhar para a minha imagem que reflectida no espelho não parecia mais a mesma. Enfiei-me na banheira e esfreguei-me até deixar feridas no meu corpo de tanta força que fiz para me limpar. Queria sentir-me limpa mas continuava a sentir-me suja”.
Ouve o barulho da porta na fechadura. A mãe chegou a casa e Patrícia corre para a abraçar, procurando um carinho e um consolo de alguém que está pronto para lhe oferecer. Estava cansada de esconder a verdade num silêncio que não se tinha tornado mais reconfortante com o passar do tempo. Contudo foi um refúgio real através do qual tentou esquecer um momento que a perseguirá para sempre, no pensamento e na alma.