quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Cinque Terre, Itália
Por alguma razão as Cinque Terre (Monterosso, Vernazza, Corniglia, Riomaggiore e Manarola) são consideradas património mundial da UNESCO.
Ficam junto ao mar, como que escondidas do resto do mundo, de toda a agitação, mas ao mesmo tempo, é impossível que passem despercebidas tendo em conta a grandiosidade do local.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Sentimentos que despertei em Itália
Faz
amanhã dois meses que vim para Itália. Muita coisa mudou. Aprendi a viver sozinha, à moda de uma
verdadeira dona-de-casa; o que confesso que dá trabalho inicialmente, mas com o
tempo acaba por se tornar uma questão de hábito. De certa forma, sinto um
conforto por saber que já consigo "cozinhar", tratar da roupa suja,
passar a ferro, ir ao supermercado, fazer as contas do mês...Tudo isto é um
processo que, ao longo do tempo, se vai tornando cada vez mais simples e
familiar.
É difícil imaginar a sensação que irei experimentar
quando sair daqui e voltar para casa...Há tanta coisa à qual eu já me
acostumei: a ir para a faculdade, a ter aulas de italiano, a encher os
fins-de-semana de viagens para conhecer ou, pelo menos tentar conhecer, todos
os cantos de Itália, a sair à noite em Roma, a escolher os meus horários para
comer, sair, tomar banho, acordar, deitar,… sem ter de dar justificações a
ninguém. É um hábito que se ganha depressa e que, creio, será bastante difícil
de se perder. Terei saudades!
Já sinto que Itália, a minha casa, a zona
onde habito em Roma, fazem parte de mim, e sei que me vai custar regressar a
casa. Principalmente por saber que vou ao encontro da rotina, sem novos
destinos, sabendo que vou pisar o mesmo chão que piso há tantos anos, ver as
mesmas caras que cumprimento há ainda mais, ouvir as mesmas conversas que
raramente mudam de assunto e frequentar os mesmos cafés, que variam entre o A e
o B, e depois do B regressam ao A, e vice-versa. Isto acontece porquê? Porque ninguém
dá um passo em frente para variar do habitual.
Este é o verdadeiro mal e a verdadeira
razão que leva tantas coisas a tornarem-se rotina. As pessoas esquecem-se de
inovar, são preguiçosas, não têm tempo.
Não têm mais tempo para dar uma volta pela cidade…contam-se pelos dedos da mão
quantas pessoas conhecem os cantos todos a Lisboa. Sim, os cantos da NOSSA
Lisboa, cidade à beira-mar, cheia de miradouros e de histórias perdidas pelas
pedras da calçada… Já ninguém liga a isso. Eu própria pensava –“um dia hei-de la ir…”,mas mantinha-me
nos mesmos cafés, nos mesmos sítios a toda a hora. E isto porquê? Porque a
sensação de saber que podemos dar “dois pulos” e, de imediato, estaremos a passear
por Lisboa é-nos tão próxima que, subitamente, a vontade de fazer algo de
diferente, conhecer novos recantos, fica adiada para “um outro dia”, pendurada por uma promessa vaga de “temos de lá ir”, mas não vamos. Essa é
a verdade.
Foi preciso vir para fora para começar a
sentir saudades, (e que saudades!), da minha cidade. Eu adoro Lisboa, as cores,
a calçada, os cheiros, as pessoas, os castelos, o eléctrico, a Baixa, o rio, as
tascas, as esplanadas, a cerveja, o fado, um bom teatro, a Avenidade da
Liberdade, os Restauradores, o Rossio, a Rua Augusta, a história de tantas
vidas passadas, que marcaram aquilo que o nosso país é hoje, pisaram esse chão!
Os portugueses de outrora sabiam desde a
altura que nos tornámos numa Nação e, posteriormente, na época dos
Descobrimentos, o quanto valia Portugal. Acreditaram! Lutaram! Não corrompiam! Eu
já não encontro a força dessa Nação no Portugal dos dias de hoje. Ela está como
que adormecida, infelizmente.
Quando regressar a Portugal, vou querer
ser turista na minha própria cidade. Actualmente, cada vez que visito um sítio
novo em Itália, desperta-me uma vontade interior de ir à descoberta do meu
país, uma necessidade de conhecer, sabendo que devo começar essa aventura em Lisboa
e terminar nas fronteiras de Portugal. E aqui fica uma promessa, mas que
irei cumprir.
Hoje em dia, as pessoas estão cada vez
mais egoístas. A nível mundial. E nós estamos a ficar cada vez mais
assim…egoístas, depressivos, apáticos. Ninguém consegue pôr ordem no país;
todos esperam pelo Primeiro-Ministro ou pelo Presidente da República; esperam
que eles resolvam os males de cada um. Aquilo de que ninguém ainda se apercebeu
é que não são meia dúzia de homens sozinhos que vão endireitar o nosso país, se
também os 10 milhões de portugueses não acreditarem que é possível, não
tentarem mudar a sua atitude (não fazendo greves contínuas, mas trabalhando,
mostrando e fazendo aquilo que de melhor sabem fazer). O nosso país precisa de
mestres, e eu acredito que existe um mestre em cada um de nós. O nosso povo é
grande. E agora, ainda, acredito mais nisso do que antigamente.
É necessário que exista uma força de
vontade em cada um de nós para fazer surgir a mudança. E a mudança começa nas
pequenas coisas. Coisas tão simples como ter vontade de arriscar, ser dinâmico,
querer conhecer novos sítios, novas pessoas. Nem que para isso, num dia, tenha
apenas de deixar de ir para a rua a 500 metros de casa, a qual vou sempre, e varie;
vá para outra que fique na direcção oposta. Isto já é o suficiente para inovar,
para conhecer novas oportunidades e quem sabe, novos projectos, perspectivas de
trabalho…é isto que é preciso. Não deixar que nada caia na rotina.
Acima de tudo, não podemos deixar-nos
abalar pela tempestade e tornarmo-nos igual à massa amorfa que é a sociedade em
que vivemos. Não podemos ser um ser igual a outros mil. Agora, mais do que
nunca, é necessário que nos saibamos destacar, saibamos marcar a diferença.
Aqui
fica o conselho: tente arriscar
mais, sem ter em mente pensamentos pessimistas. Pense bem, nunca desista antes
de realmente ter tentado. Com tudo o que pôde. E se calhar, quando já pensou
que fez tudo o que estaria ao seu alcance, ainda poderia ter feito mais. O
mundo e o sucesso estão reservados para aqueles que nunca duvidaram de que “é possível alcançar o impossível”.
Começe
a acreditar também!
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